Mestre Moa do Katendê - Release
Mestre Môa do Katendê é Baiano de Salvador. Artista ligado às tradições Afro-baianas. Compositor, dançarino, capoeirista, ogã-percussionista, artesão e educador, tendo descoberto suas raízes aos oito anos de idade no "ILÊ AXÉ OMIN BAIN" terreiro de sua tia e incentivadora.Na década de 1960, Mestre Moa, ainda menino, inicia-se na capoeiragem com Mestre Bobó, na Academia de Capoeira Angola Cinco Estrelas. Mestre Bobó, capoeirista já renomado em Salvador, era vizinho de Mestre Moa, no Dique Pequeno.
Entre 1971 e 1974, Mestre Bobó, que tinha uma ligação muito forte com o lado rítmico da capoeira, formou alas de capoeiristas para fazer parte das escolas de samba, como Filhos do Tororó e Diplomatas de Amaralina. Nesta, Mestre Moa era destacado com outros colegas como capoeirista de jogo.
Além de sua academia, Mestre Bobó também teve destaque no Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), dando continuidade em 1979 aos trabalhos de Mestre Pastinha, que se encontrava impossibilitado e dar aulas.
Na década de 1960, a professora Emilia Biancardi fundou o grupo folclórico Viva Bahia, que levou aos palcos do mundo inteiro a cultura afro-baiana. Em 1976 e 1977, fazendo parte desse grupo, Mestre Moa realizou uma turnê internacional pela Europa acompanhando figuras importantes da cultura popular como: Mestre João Grande (o maior representante vivo da linhagem de Mestre Pastinha); Negão Doni (um dos fundadores dos Filhos de Ghandy); Rubens Dantas (introdutor do cajón na música flamenca) entre outros. Em seguida, participa da Orquestra Afro-brasileira de Percussão, também dirigida pela professora Emilia Biancardi.
Em 1978 fundou o afoxé "Badauê" que logo na primeira vez que desfilou já consagrou-se campeão do carnaval na categoria "afoxé" (Maiores informações no release do Afoxé Badauê).
Em 1987, seguindo os fundamentos tradicionais da capoeira, Mestre Moa é formado mestre de capoeira. Mestre Bobó convida uma banca de mestres formada por Mestre João Grande, Mestre João Pequeno, Mestre Vermelho, Dona Romélia (esposa de Mestre Pastinha), entre outros; e, a pedido de Mestre Bobó, Mestre Moa foi sabatinado durante cerca de duas horas e meia com perguntas e pedidos que aferiram: toques, canto, prática de aula, e, sobretudo, o comprometimento com os fundamentos da Capoeira Angola. Fazia também parte da formatura jogar com todos os mestres presentes. Após a avaliação e a aprovação realizadas pela banca de mestres, Mestre Moa é formado mestre de capoeira.
Após sua formatura, Mestre Moa muda-se para São Paulo, onde utiliza-se da capoeira para participar de várias causas sociais trabalhando no projeto FASE (Fundação Nacional de Assistência Social), na antiga FEBEM e SOS Criança. Nesses dois últimos ministrando aulas de capoeira, dança, percussão e canto a menores infratores e menores carentes.
No mesmo período, também participou do Movimento de Artistas Negros de São Paulo nos projetos musicais: Negra Música (1988) e Venha ao Vale em show ao lado de Jorge Benjor (1989). Essa temporada em São Paulo também aproximou mestre Moa de Mestre Plínio, fundador do Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô (CCAASS), do qual Mestre Moa é conselheiro.
Em 1994, funda na praça da republica, em São Paulo, o Afoxé “Amigos de Katendê” (Mais informações no release “Afoxé Amigos de Katendê”)
Outro ponto alto na história de Mestre Moa é sua relação com a Associação Brasileira de Capoeira Angola (ABCA). Entre 1998 e 2002, Mestre Moa foi diretor cultural da ABCA; e, em 2003, assume interinamente sua presidência. Em 2000, participa com a ABCA da comemoração dos 500 anos de descobrimento do Brasil em Porto Seguro. Também em 2003, Mestre Moa funda a Agremiação Gunga, o primeiro bloco de capoeira do Brasil, com apoio de vários de grupos de todas as modalidades da capoeira: angola, regional e contemporânea.
Divulgando a cultura Afro-Brasileira Mestre Moa também realizou várias viagens internacionais passando por: Finlândia, Bélgica (Festival de Artes de Bruxelas, 2005), Colômbia (onde grava um CD comemorativo com músicas autorais de capoeira angola e afoxé), Argentina, Espanha (Encontro Universo Negro Brasileiro em Barcelona (2009), França, Alemanha, Republica Tcheca, Portugal, Inglaterra dentre outros.
Atualmente Mestre Moa do Katendê ministra oficinas de afoxé e capoeira na Bahia, Sudeste e Sul do Brasil, na Colômbia e na Europa. Como compositor tem se dedicado a escrever a memória dos mestres da cultura popular, a exemplo do cd “Na Porteira do Dique”, que retrata a história da Capoeira Angola na Bahia. Como artesão tem trabalhado a confecção de instrumentos como o berimbau, caxixi, xequerê, etc. ministrando oficinas em grupos de capoeira e outros. Como percussionista e dançarino tem-se empenhado no ensinamento e na apresentação de ritmos e danças ligados à cultura popular da Bahia, em especial a releitura dos afoxés tradicionais até o surgimento do “Badauê”.